História da Amamentação da Joana Pais

Para contar a minha história de amamentação tenho que escrever o que (tão) pouco sabia sobre a mesma…. Apenas sabia que a amamentação era/é o melhor para a minha filha e que queria tentar de tudo para a amamentar.

Tinha a ideia que amamentar seria difícil e doloroso, a subida do leite e as gretas seriam os meus piores inimigos… já para não falar que as historias contadas na família eram terríveis (“pouco leite”, “leite fraco” entre outras). Eu fui amamentada até aos dez dias de vida porque segundo a minha mãe “ficou sem leite”. A minha irmã foi amamentada até aos 3 meses e embora já tivesse 5 anos não me recordo sequer de a ver na mama… Na família mais próxima não havia bebés e as amigas que tiveram bebés foi um assunto que nunca se falou (não faço a menor ideia do porquê… se não queriam falar no assunto…… se eu própria não tinha conhecimentos nem interesse/curiosidade sobre a temática devido ao pouco contacto com esta realidade).

Resumindo conhecimentos e experiências positivas sobre amamentação não existiam.

Com uma gravidez atribulada, com um internamento pelo meio, repouso absoluto e com um parto prematuro a minha filha (D.) lá nasceu… tive um parto relativamente rápido e após todo o meu receio de ter que ir para a neonatologia por ser uma bebé de baixo peso, com 36 semanas e não ter levado a dosagem toda para maturação pulmonar… Ela nasceu bem e tivemos oportunidade de fazer pele-a- pele logo após o parto tendo mamado logo nessa altura.

As horas que se seguiram foram terríveis porque a minha bebe não pegava na mama e quando mamava era simplesmente dois minutos e adormecia, nada a despertava (mandavam-me despi-la, mexer nos pés mas nada resultava). Esta situação acabou por não durar muito uma vez que a minha filha fez um episódio de cianose com hipoxemia e teve que ser internada na UCIN.

Na UCIN a experiência foi terrível porque os momentos que a podia ter junto a mim eram poucos e de curta duração. Nos cuidados intensivos coloquei-a apenas uma vez a mama com a ajuda de uma enfermeira. E ela não pegou na mama. Nesta altura teve ser alimentada por sonda nasogástrica uma vez que não pegava no biberão. Quando foi para os intermédios, tentei algumas vezes coloca-la à mama, mas sentia-me frustrada comigo mesma porque não conseguir fazer uma coisa tão natural… e depois ainda havia a pressão das enfermeiras para não demorar muito tempo, uma vez que ela tinha que ser alimentada de 3 em 3 horas (e o tempo que eu perdia a tentar fazia com que as “refeições” ficassem mais próximas – explicação da enfermeira).

Na altura em que a D. vai para a UCIN contactei a Amamenta Lisboa de forma a poder obter informações sobre bombas para extracção do leite e possível aluguer. Quando a minha filha saiu da UCIN veio com a indicação médica de beber 30ml de suplemento de 3 em 3 horas. À saída da unidade, a enfermeira deu-me o resto do suplemento que havia sido preparado para a minha filha e alguns biberões e tetinas. Mas disse-me que se eu conseguia extrair 50ml de leite que podia dar- lhe o meu leite.

Nos dias que se seguiram, tentava colocar a D. à mama, mas como ela não despertava, desistia rapidamente e dava-lhe biberão do leite que anteriormente tinha extraído. Comecei a questionar-me até quando conseguiria aguentar andar a extrair leite… então falei com o meu marido e decidimos pedir ajuda antes de ir abrir a lata de suplemento.

Contactamos novamente a Amamenta Lisboa e agendamos para dois dias depois (por incrível que pareça eu mandei mensagem a um sábado e domingo a Marta ligou-me).
Na consulta com a Marta Esteves Rodrigues, esta fez-me entender que ela podia demorar a pegar na mama… que podia pegar e largar muitas vezes… e que bastava insistir porque ela até sabia mamar e tinha uma boa sucção. E assim foi, eu senti o que era mamar pela primeira vez e vi com os meus olhos o leite a escorrer pelo canto da boca quando largava a mama (a felicidade era imensa, finalmente conseguia aquilo que tanto desejava). No entanto, como tinha receio que ela não mamasse o suficiente (os tais 30ml que me “impingiram”) a Marta aconselhou a coloca-la sempre à mama antes de dar o biberão e que assim que a pesasse, se não houvesse perda de peso, para lhe dar só mama. E assim fiz…. Nunca abri a lata de suplemento e guardei definitivamente os biberões e a bomba de extracção.

A partir daí foi e continua a ser maminha, estamos praticamente a fazer seis meses… e espero que esteja para durar.

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