Este artigo começou com uma música publicada por uma amiga… não sei o que lhe ia/vai no pensamento mas esta musica despertou-me novamente sentimentos e novos/velhos pensamentos relativamente à maternidade e a tudo o que esta envolve.
“Hoje vejo tudo diferente…”
“Longe de toda a gente”
“E hoje encaro o mundo de frente com a força da mente, nada me vai parar”
Ui… se vejo…. todos nós já mudamos de perpesctiva/opinião/sentimentos imensas vezes… a minha vivência da maternidade fez-me mudar completamente de opinião e morder muitas vezes a língua.
Tudo começou na gravidez…
· Eu que achava que nunca teria de ficar de baixa até ao parto…sim porque isso é para as “fracas”…
· Eu que achava que ia ter tudo pronto (quarto principalmente e a mala da maternidade) quando o bebé nascesse e que não consegui perceber como é que as pessoas tinham nove meses e não o faziam
· Eu que achava que ter um bebé não pode ser nada do outro mundo nem um bicho de sete cabeças
Depois veio o bebé…
· Eu que nunca imaginei na minha vida que a minha bebé precisasse de cuidados médicos e fosse para os cuidados intensivos neonatais
· Eu que achava que os bebés eram, pelo menos nos primeiros meses, só mamar e dormir
· Eu que achava que os bebés só choravam quando tinham fome, fralda suja ou quanto estavam doentes
“Longe de toda a gente”
Era o que sentia…. longe de toda a gente… apesar de a família, o marido e os amigos estarem mesmo ao leu lado…. mas sentia-me desconetactada, sem conseguir expressar o que sentia porque achava que não perceberiam e ainda havia o medo da crítica. Sim porque nós somos eduacadas a ser fortes e a vencer na vida sem demonstrar fragilidades e medos.
“E hoje encaro o mundo de frente com a força da mente…”
E hoje…. hoje vejo o mundo com outras lentes (visto que os olhos são os mesmos)… vejo um mundo com uma abertura de mente diferentes, com conhecimentos diferentes e experiências diferentes… mas sobretudo com uma vivência diferente.
Sem dúvida que posso dizer que a maternidade mudou-me completamente… sei que não sou a única a dizer, a pensar e sentir o mesmo… só tenho pena que no meu caminho poucas pessoas se tenham cruzado e me tenham falado “abertamente” da maternidade e da dura realidade que pode ser…
“Nada me vai parar”
Nada me vai parar, nada me conseguirá parar, porque decidi transmitir a minha experiência e opinião, às pessoas em meu redor, aos bebés e aos pais que trato, aos avós que estão presentes nas consultas.. a todos os que me queiram ouvir e ler!!
A maternidade pode ser dura mas será muito mais facilmente vivida quando partilhamos a realidade … e quando nos escutamos uns aos outros mostramos empatia…
Só quando estamos disponíveis para escutar e estamos de mente aberta, sem julgamentos, percebemos que não somos os únicos que estamos naquela situação…outros pais e bebés estão na mesma ou noutra situação completamente diferente… não interessa a situação… interessa PARTILHAR.
Posso agradecer também à rede que integro… não conheço muitas delas pessoalmente, mas aprendo imenso…. elas vêem as coisas como eu gostava de sempre ter visto (sim sei que não seria a mesma coisa se sempre tivesse pensado como elas)… elas que olham para os bebés, para as mães e para os pais como um seres únicos. Elas que olham para a amamentação, para o colo, para o sono, entre inumeras coisas e situações, como lentes de descomplicar e sem palavras de julgamento.
Neste momento a minha mente vaguei de pensamente em pensamento… mas o pensamento final que quero deixar aqui é:
Rodeiam-se de uma rede de pessoas com as quais se identifiquem… e quando pensarem que existem pessoas que já não se identificam com a vossa vivência, partilhem com essas pessoas…. podem ter grandes surpresas…. porque se eu tenho limitações e tábus em falar de determinadas coisas porque acho que não vou ser compreendida, as outras pessoas também o têm.
A rede amamenta tem o objetivo de apoiar e é neste contexto que faremos a primeira Conferência Portuguesa de Aleitamento Materno On-line….têm a oportunidade de ouvir várias peritas em várias áreas, áreas essa onde surgem muitas dúvidas. Juntem-se a nós e partilhem os vossos desafios, vivências e conhecimentos!
Artigo por Joana Pais (Fisioterapeuta)